Olá você do lado dai!

Sou a Lu, made in 90's, ilustradora e encadernadora nas horas vagas, escritora de gaveta e fotógrafa de aleatoriedades, viciada em pinterest, café, Harry Potter e BTS, buscando meu lugar nesse mundo louco. Tem uns textos meus por aí desde 2010 •⁠ᴗ⁠•

Leia Também

procrastinadora ou brasileira?


Esses dias passeando pelo feed do instagram me deparei com a seguinte pergunta:
procrastinadora ou sou brasileira?
Era mais ou menos assim, sendo bem sincera não lembro em que perfil eu li o
post, procurei acreditem, mas, não achei. Enfim, o post era direcionado a cobrança de ser produtivo o tempo todo, de criar e trabalhar o tempo todo afinal mesmo estando em meio a uma pandemia e um caos federal a vida não para e temos que continuar, mas eu lhe pergunto: temos mesmo?

A verdade é que ando exausta, não da vida, mas, de tudo que vem acontecendo e sei que não sou a única. Nos últimos dois anos a vida tem sido assim, de casa para o trabalho, do trabalho para casa e no máximo vou até o mercado e me pergunto todos os dias como ainda não surtei. Nunca fui do tipo baladeira que vivia na rua sempre que tinha a oportunidade muito pelo contrário, mas era um direto de escolha, ficar em casa era uma escolha.

E então veio a pandemia e a tira colo o caos no governo do nosso país. Mortes, problemas com compra de vacina, superfaturamento de produtos, desempregos, queimadas, aumento de aluguel, luz, gás e alimentos, abuso de poder, feminicídio, homofobia e tantas outras coisas que nos deparamos diariamente nos jornais e tudo foi virando uma enorme bola de neve sem fim.

O caos estava instado enquanto isso nas redes sociais se pregava a produtividade, o foco e o trabalho como meio de se desligar de tudo que estava acontecendo em um momento que não deveríamos fechar os olhos. Vi diversas pessoas se afastarem, tirar um tempo para elas e serem criticadas, bombardeadas. A internet virou uma “terra sem lei” mesmo sendo totalmente ao contrário. Muitos passaram a descontar suas frustrações através de perfis diversas vezes anônimos, descontando no outro sua insatisfação com a vida atual.

Às vezes é sobre exaustão.

Exaustão mental, vejo diariamente meu direito de sentir e agir ser questionado, meu posicionamento ser exigido quando não quero expô-lo. De repente tudo passou a ser procrastinação. “Sua empresa não vai para frente porque você está procrastinando” é claro, não tem nada a ver com o fato do imposto estar alto, dos gastos mensais terem duplicado ou de — em casos extremos — não se conseguir pagar os funcionários e eles terem que ser demitidos.

É procrastinação.

Não tem nada a ver com o fato de estarmos a dois anos em meio a uma pandemia que não parece querer ir embora, ou ao fato do país estar um caos se afundando em corrupção, negligência e fome já que enquanto os engravatados se matam para ver quem leva mais a população vem passando fome, dependo de projetos independentes e de vizinhos para sobreviver.
 
Não, não tem nada a ver com isso não é mesmo? Fechar os olhos nunca foi uma boa opção. Fechar os olhos para si mesmo nunca será uma boa opção. Sei que sozinho ninguém pode mudar o mundo ou reverter a situação em um estalar de dedos, infelizmente não podemos usar o feitiço reparo ou até mesmo um vira tempo para resolver tudo, mas podemos começar a mudança por nós. 

Se coloque em primeiro lugar e lembre-se do colega ao lado. 

É importante cuidar da nossa saúde mental, tirar um tempo para nós, para nossa família. Tudo bem você querer se afastar de vez em quando, não responder whatsapp ou dm, dar aquela sumidinha, se isso te faz bem então está tudo bem, porém lembrando-se sempre da situação em que estamos vivendo e se cuidar, obedecer às normas de segurança, pois ao fazer isso você se protege, protege sua família, seu vizinho e tantas outras pessoas. 

Se cada um fizer a sua parte podemos vencer.

Não se deixe levar pelas exigências e frustrações alheias. É seu direito querer sumir por um tempo, não se expor ou não expor suas opiniões, desde que lhe faça bem é seu direito. É preciso parar de projetar no outros nossas frustrações de exigir coisas que às vezes, nós mesmos não fazemos. É preciso parar de apontar o dedo, de ditar na vida alheia o que deve ou não ser feito. Cada um sabe do seu tempo, do seu projeto, da sua vivência. 

Que cada um possa cuidar de si, possa seguir o seu tempo, respeitar seus processos, entender que nem tudo vem em um estalar de dedos e que se negligenciar não é a melhor resposta. Poxa! Eu sou brasileira e você ai do outro lado também, ou não, quem sabe, mas é meu direito desanimar, parar por um tempo e absorver tudo que vem sendo jogado sobre nós ao mesmo tempo. É seu direto também. 

Não é sobre procrastinação, é sobre exaustão.

Comentários

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *